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Disco: “Nocturnes”, Little Boots

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Little Boots
Electronic/Dance/Female Vocalists
http://www.littlebootsmusic.co.uk/

 

Por: Fernanda Blammer

Little Boots

Victoria Hesketh – ou Little Boots como se apresenta -, parece ser o típico caso de uma artista que percorreu a inexatidão da eletrônica na última década. Embora Hands, registro de estreia da britânica tenha sido lançado apenas em 2009, durante boa parte dos anos 2000 Hesketh esteve atenta ao que circulava pelos mais variados campos do gênero. Dessa forma, ao alcançar o primeiro trabalho de estúdio, parte do que havia predominado na música daquele período se apresentava em uma espécie de coletânea dançante e de nítido apelo pop. Pequenos ecos da década de 1990, passeios pelo que havia de mais comercial na cena inglesa e todo um conjunto de elementos que voltam a se repetir no mais novo lançamento da artista.

Menos pegajoso e até maduro em relação ao que fora testado há quatro anos, Nocturnes (2013, On Repeat) reforça de maneira criativa a presença da eletrônica no trabalho da artista – dessa vez, sem o mesmo apelo radiofônico e prováveis vícios do álbum de estreia. Acompanhada por um time invejável de produtores – incluindo James Ford (Simian Mobile Disco) e Andy Buttler (Hercules and Love Affair) -, a britânica usa do trabalho passado como base passageira, manifestando um projeto que se concentra em aprimorar o que havia de mais assertivo na estreia, revelando todo um novo cenário de possibilidades.

Ao valorizar ainda mais a presença de elementos construídos desde o princípio da década de 1990, Little Boots se concentra em brincar com a House Music em um nítido propósito de descompromisso. Uma dezena de faixas capazes de amarrar a mesma seriedade que apresentou o gênero no fim da década de 1980, porém em um tratamento que não se afasta do que há de mais gracioso nos expressivos vocais da artista. É como se tudo o que foi alcançado em faixas como Earthquake e Remedy fosse reformulado, derramando uma sonoridade “noturna” pelo álbum, o que faz valer o título que apresenta a obra.

 

Talvez como reflexo da natural aproximação da artista com Joe Goddard (Hot Chip), o novo álbum de Little Boots cresce em uma extensão menos experimental daquilo que foi construído no bem sucedido In Our Heads (2012). A julgar pelas camadas eletrônicas extensas, vocais explorados de forma instrumental e imensos loops climáticos, Nocturnes engata no mesmo propósito de Flutes, Let Me Be Him e outras faixas testadas no último disco do coletivo britânico. Até o aspecto cotidiano que movimenta as letras das canções se aproxima do registro – sem jamais perder o charme pop, claro.

Ainda que esteja longe de se manifestar como um trabalho de extrema beleza e maturidade, com o novo álbum Hesketh finaliza uma obra que parece coerente em todas as composições. Do princípio ao fim do álbum as faixas dispõem de peso similar e unidade instrumental, o que estimula o ouvinte a passear pelo registro sem o medo de se deparar com um registro oco na segunda metade. Mesmo que o acerto do registro esteja na escolha coerente de grades nomes da eletrônica atual, é de Hesketh o mérito de orquestrar o álbum com uniformidade e pequenos relances de grandeza.

Cada vez mais distante das comparações com o trabalho de Annie, Ladytron e outros artistas de forte similaridade que surgiram na década passada, Little Boots alcança com Noctures o que parecia inexistente no disco anterior: Identidade. Mesmo que falta ao álbum a inovação que acompanha Sally Shapiro e outros artistas interessados em ressaltar marcas similares que abastecem o disco, Victoria Hesketh caminha a passos firmes, o que já se revela boa coisa para quem atravessa o ambiente sempre instável das pistas de dança.

 

Little Boots

Nocturnes (2013, On Repeat)

Nota: 6.5
Para quem gosta de: Annie, Sally Shapiro e LadyHawke
Ouça: Broken Record e Shake



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